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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Primeiros dias - dia 1

Cheguei no dia 4 de janeiro em San Diego. Apesar do tempo, as memórias ainda estão frescas na minha cabeça e me lembro perfeitamente do meu primeiro dia. A viagem correu tudo bem e na imigração também. Estava com muito medo porque era minha primeira vez e estava sozinha. Todos tinham alguém pra acompanhar, digo, um pai, uma mãe, uma família inteira às vezes rs rs rs, e estava eu ali, forever alone me deparando com uma situação totalmente nova. Peraí, eu tinha que realizar a entrevista em inglês?? Oooops! Mas eaí, como assim? E quem não falava inglês?? Bom, não era o meu caso, eu arranhava alguma coisa pois já tinha feito curso, mas foi a primeira vez em que senti realemnte a necessidade de me comunicar numa língua que não era a minha. Estava esperando na fila e cada vez mais ia chegando a minha vez na entrevista com um policial americano. SIIIIIM, daqueles que você vê nos filmes, com roupa preta e estrelinha no peito. Uma cena de filme! Eu já estava em primeiro na fila, era a próxima. Estava pedindo pra Deus uma pessoa legal, que não pegasse tão pesado. Geralmente quando iam famílias inteiras eles não implicavam muito, os pais falavam pelos filhos e tudo corria mais ou menos bem. Mas e eu? Estava lá sozinha, poxa! Antes de mim foram uma mãe e uma filha, com o policial que ia me entrevistar. Foi complicado pra elas. O policial "não foi com a cara delas" ou elas pareciam suspeitas o suficiente pra não querer deixar o país hahaha...e eu ali, a próxima, com aquele homem cruel que eu tinha certeza que ia arrumar algum problema comigo também, afinal coisas assim sempre acontecem comigo né rs rs Pronto, enfim elas passaram. Era a minha vez. Eu dei um Good Morning e ele me respondeu com um também e um sorriso. Pensei, bom sinal, né?! Aí ele pediu meu passaporte e ficou algum tempo analisando. O medo batendo às minhas pernas e aquela cara de piedade que deveria estar estampada no meu rosto....eu não tinha um espelho na hora pra constatar isso, mas se tivesse eu não deveria estar muito diferente do que pensei. Ele perguntou o porque do meu visto ser B1, eu acho....não me lembro agora qual é a sigla, é o de turismo mesmo. Eu falei que era um intercâmbio de férias e as horas não passavam da carga máxima permitida pelo tipo de visto, e claro, eu ia também pra conhecer a cidade. Ele falou ok. Deve ter perguntado mais alguma coisa que agora não me lembro o quê, mas aí disse que eu era muito bonita (como assim? Um policial americano dando em cima de mim....é normal, produção? Pensei.), mas era apenas uma menina: "-You're just a girl yet" e eu: -I'm 21! Ele respondeu algo como "não parece". Falou pra eu não exagerar em bebidas e fumar...eu disse que não bebia nem fumava, o que é totalmente verdade. Ele disse ok, pode seguir em frente pelo corredor, você vai passar pela alfândega. YEEEEEES, passei! Aí teve aquela coisa desagradável que todo turista vai passar nos aeroportos estadunidenses, tirar seus sapatos. Colocar todos seus pertences de mão pra passar no "Raio-X", e eu tive que abrir minha mala e tirar o notebook, colocar pra fora e passar por aquela porta, levantar os braços e blá blá blá. Um saco, resumindo. Depois pegar tudo, guardar, por o sapato, sem ter onde apoiar. Tinham umas duas cadeiras que estavam ocupadas por um casal de velhinhos, aí não me sobrava alternativa, me apoiar na parede. Ufa, sai. Peraí, não contei que fiz tudo isso na minha primeira conexão, que foi em Washington DC. Peguei minha bagagem toda novamente, pra despachá-la pra San Diego. Pensei que o sufoco tinha passado...que nada, ele mal tinha começado. Meu vôo estava atrasado, e eu tinha que esperar naquele aeroporto frio, sem nenhum conhecido, de sapatinha. Aliás, deixe-me compartilhar a minha burrice com vocês. Eu fui de sapatilha! Mas e daí? Daí que eu não pensei que estaria muuuuuuito frio, afinal eu estava indo na época de inverno americano. Eu sabia disso, mas mesmo assim queria ir arrumadinha, nem passava pela minha cabeça que meu vôo iria atrasar MAIS DE 4 HORAS! Washington estava linda, tinha um solzinho, dava pra ver. Eu me lembro de ter ficado encantada na janelinha do avião de ver a capital de cima. Mas estava ZERO graus celsius quando eu cheguei! Dentro do aeroporto não era tão frio assim, mas era super desconfortável estar de sapatilha, sempre tive meus pés frios, não importa quão frio esteja. Me bateu fome e eu fui em busca de um lanche no Subway. Era tudo o que me era familiar, de resto, eu não sabia nem de que tipo de comida se tratava. Tinha várias lanchonetes de comida mexicana, que nunca tinha provado antes. Achei um banco no meu portão de embarque e fiquei ali, plantada! Encontrei wi-fi grátis. Que ótimo, precisava avisar meus pais que iria chegar mais tarde em San Diego. A princípio era coisa de 1 hora de atraso. Eu fui no balcão perguntar. OUTRO CHOQUE!! Um "negão" que falava com um sotaque horrível, na certa ele não era americano. E eu não consegui entender quase nada. Voltei pro meu lugar. Sentou um senhor de uns 50 e poucos anos do meu lado. Eu comecei a falar com meu pai por Skype e ele prestando atenção. Depois ele puxou conversa comigo, me perguntando da onde era. Eu falei que era brasileira e tal. Ele foi super simpático comigo. Via a minha dificuldade pra entender o inglês, sempre falando devagar comigo, testando o meu inglês haha, e me explicou que o vôo iria atrasar mais e eles não sabiam o que estava acontecendo. Como assim não sabiam? Pensei. Conversamos bastante, na medida do possível, do meu inglês fraco e da paciência dele. A cada hora eles davam uma desculpa do porque iria demorar mais e mais. O pessoal estava revoltado no portão. Pessoas sentando no chão, crianças chorando. Mães revoltadas com o absurdo de demora, sem a companhia dar uma resposta definitiva....não serviam nada pra nós comermos, estávamos há muito tempo naquele lugar. Mais tarde, quando fui perguntar ao mesmo atendente americano, aquele com o sotaque horrível ele me disse que o avião estava com problema mecânico e estavam tentando consertar. Ai meu Deus. E o medo de voar numa coisa dessa, quebrada. Não sabia mais o que fazer. Depois de muitas reclamações nos trouxeram algo pra comer, umas besteiras do tipo amendoim e bolacha com latinhas de refrigerante. Menos mal, estava com sede, apesar de já ter ido ao Starbucks à minha frente tomar um "hot chocolate". Mais uma hora e decidiram enfim trocar de aeronave. Ufa, já não era sem tempo! Embarcamos e perdi o meu primeiro amigo americano de vista. Eu não disse que trocamos de portão umas 2 vezes, disse? Pois é, trocamos. Nessa de vai e vem, eu me desliguei do meu amigo e não sei porque, mas ele nem ligava mais pra mim e saiu na frente, seguindo todo mundo e me deixando pra trás. Aff, coitada de mim. Sem ressentimentos, achei ele depois na fila do embarque, mas nossos assentos não eram próximos, então eu acabei sentando pra esperar as chamadas por assentos. Eu era sempre a última mesmo. Peguei meu celular pra escrever algumas mensagens pro meu amigo. A mulher do meu lado falou que eu tinha muita habilidade pra digitar, que ela demorava um século pra escrever uma frase enquanto eu fazia isso num piscar de olhos. Eu dei uma risadinha....o que poderia responder?? Certamente ela não percebeu que não era americana como todos pareciam ser naquele embarque. Ok, alguns minutos depois entrei no avião. Um frio terrível pra passar daquela espécie de elevador-ponte pro avião e eu de sapatilha....aff, que ódio de mim mesma! O avião decolou e eu sentei com mais dois homens. Eu na janela. O do meu lado era americano, não olhou pro lado sequer uma vez pra falar alguma coisa comigo. Que chato, estava me sentindo o ser mais sozinho do mundo naquele instante. O outro, horas mais tarde, percebi que era brasileiro pelo seu passaporte azul e mercosul haaha, mas não troquei nenhuma palavra com ele também porque estava longe. Enfim, Califórnia, Enfim, San Diego, meu destino final. Que lugar maravilhoso! Absolutamente incrível, lindo! LIIIIIINDO!
Mas deixo pra contar mais outra hora, preciso ir, minha mãe está me chamando rs rs rs
Nos falamos mais tarde, certo? Estou empolgada pra escrever o final dos meus primeiros dias, onde tudo era tão novo e tão mágico.



ps: no avião de Washington pra SD, machuquei meu dedo de forma horrível. Carregando minhas tralhas pra entrar no avião e achar meu assento. Inchou horrores!! Ficou horrível, achei que tinha luxado. Creio que sim. O que eu poderia fazer?? Chamar a aeromoça? Não, né. Fiquei com muito medo de ter que imobilizá-lo, de me prejudicar logo no meu primeiro dia numa terra totalmente desconhecida. Mas graças a Deus peguei minha "águinha" gelada que havia comprado no aeroporto e durante TODA a viagem eu deixei o meu dedo colado nela. Quando cheguei percebi que o inchaço tinha passado e estava tudo bem. Glória a Deus!!

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